quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Desigual

Que susto! Pensei que estariam pelados mesmo. Mas, claro, provavelmente, seriam todos presos por atentado ao pudor. E com razão. Inocência e afobação de minha parte (espero). Saiu no twitter do Estadão de hoje: mais de 12 mil (malucos) ficaram seminus para aproveitar uma promoção da grife espanhola Desigual em suas lojas de diversos países. Sua loja no Brasil não entrou no roteiro (melhor nem pensar). O lema é "entre nu e saia vestido". E não é de hoje: vem desde 2010. Uma tradição, portanto. A recompensa: duas peças quase de graça para os doidos e doidas de plantão. Abaixo um videozinho-amostra de uma loja da marca na Bélgica.


Mas o ponto é: a menos que entre as recompensas esteja um terno top de linha nível Zegna ou uma bolsa top de linha nível Louis Vuitton (que fique claro que não conheço as credenciais da Desigual), o que passa na cabeça de um ser humano ficar horas numa fila de sunga ou biquíni, em pleno inverno europeu, para aproveitar uma promoção de loja de roupas? Batendo papo e sorrindo, prontos para serem vistos pelo mundo inteiro.

À princípio, quando li a manchete da notícia, já estava pronto para criticar. Uma apelação, pensei. Mas, lendo o texto completo e analisando melhor o caso, acho que foi uma boa sacada. O perigo é a linha entre a criatividade e a diversão, a apelação e o mau gosto. É muito tênue. Todo cuidado é pouco porque é a imagem da marca que está em jogo. Uma dosagem errada e pronto: muitos anos de construção da marca podem ir para o ralo por meio de uma ambição desmedida do marketing / agência.

Neste caso, entendo que não descambou para a apelação (mas faltou pouco). Foi ao mesmo tempo divertida e desafiante. E parece-me que bem comunicada. Pipocou nas mídias sociais. Acho que muitos que não conheciam a marca (como eu), passaram a conhecê-la. Só espero que a loja não tenha frustrado nenhum dos malucos masoquistas, faltando produtos. Aí, seria o fim.

Mas a questão continua: o que passa na cabeça desse povo? Com a palavra, os observadores mais atentos do complexo comportamento humano.