Um dos maiores desafios da área de inteligência de mercado (ou nomenclatura similar) é, sem dúvida, tentar montar cenários de consumo no longo prazo a partir de profundos estudos de tendências. Longo prazo? Coisa de 5, 10, 20 anos. Simples: como deveria ser o aspecto e a tecnologia de uma retroescavadeira em 2022? Ou o sistema de lixamento e polimento em uma concessionária de veículos leves em 2025? Simples, só que não. Por outro lado, nada é mais prazeroso do que ajudar uma marca a sair na frente da concorrência com produtos e serviços inovadores, fundamentados nessas análises. Como nos ensina o conceito de design thinking, tudo deve ser centrado nas necessidades - latentes e/ou ocultas - do ser humano. Todo o desenvolvimento vem depois. Mas vale para clientes industriais também? Claro! Afinal, as empresas são formadas de quê? Bingo, de seres humanos. Sabemos que este é um tipo de estudo que representa muito pouco dentre as diversas ferramentas de pesquisa e de inteligência de mercado nos cardápios dos institutos, consultorias e empresas, normalmente mais centradas em projetos de curto e médio prazos. Mas não podemos esquecer dessa "perninha" mais nobre das análises setoriais. Em linhas gerais, para tanto, é preciso células próprias, profissionais de diversas vertentes e culturas (dentre eles, um antropólogo, certamente), eventualmente um suporte de consultoria externa, metodologia, processos, etc. e, obviamente, apoio incondicional da diretoria para que essa visão de longo prazo se materialize aos olhos da empresa. Deste modo, é mais fácil antecipar tendências, surpreender e dominar territórios na mente das pessoas, onde reside, aliás, a real batalha entre os marketeiros. Para não ficarmos somente na de sempre (sim, a Apple), apropriaram-se desta filosofia - mesmo que algumas de maneira quase empírica - marcas como a Whirlpool, a Subway e as brazucas Mundo Verde e Suco Bagaço. Em comum, todas se adiantaram por meio de boas sacadas extraídas das necessidades intrínsecas das pessoas e foram com tudo ao mercado. Agora fica difícil deslocá-las da cabeça delas. Só com estratégias de muita oposição ao que são em essência. Aí é outra história. Daria um extenso artigo. No vídeo abaixo, a Ernst & Young resolveu brincar um pouco de futurologia e nos brindou com um divertido "daily basis" de uma típica mãe e o seu filho no ano de 2020, focado na comunicação em rede. Esses exercícios, muitos sem o devido cuidado científico, preveem algumas bobagens homéricas, mas há também as bolas na caçapa. Neste caso, sei não, com esta profusão cada vez mais exponencial do data marketing e com os acessos e qualidade das conexões de internet em franco crescimento, é razoavelmente provável deduzir que não estaremos muito longe disso daqui há seis anos. Mas há um efeito colateral. Eles explicam.