sexta-feira, 11 de julho de 2014

Baxter

Aparentemente o assunto não tem nada a ver com o universo das marcas, porém, um olhar mais atento na matéria de capa da revista Exame de 9/julho nos faz refletir sobre a importância da evolução do conceito e das ferramentas de produção para o ambiente competitivo.

Para apoiar este raciocínio, o ponto-de-partida poderia ser a lembrança dos grandes desafios de uma marca no mundo contemporâneo: produtos cada vez melhores, mais confiáveis e inovadores, preços competitivos e margens saudáveis. E tudo "em linha" com a essência da marca (missão, visão e princípios). Sem apelar! Não é fácil!

Para tanto, dentre as diversas variáveis da equação de marcas estão, no ambiente fabril, a necessidade de tecnologia de ponta e de custos menores de produção. A boa notícia é que, especialmente nos países mais desenvolvidos, uma espécie de nova revolução industrial digital - ainda incipiente e quase silenciosa - está tomando forma. E os efeitos serão, certamente, mais rápidos do que a sua antecessora.

Baseada no tripé "digitalização, robotização e inovação", as vantagens da sua adoção podem ser muitas: maior facilidade no acesso e na troca de dados históricos, testes virtuais, planejamento mais apurado, ganhos de flexibilidade e produtividade, incremento da qualidade, otimização dos recursos, redução dos custos de produção, maior eficiência na logística e na gestão dos estoques, dentre outras.

Por sua vez, as marcas podem beber desta fonte ao testar mais rapidamente novos protótipos de design, avaliar novas combinações de componentes e funcionalidades, oferecer produtos mais confiáveis, atender melhor a demanda dos clientes, ofertar preços mais acessíveis, acelerar o processo de lançamento de produtos, etc. Portanto, a correlação entre fábricas de última geração e marcas mais ágeis e inovadoras é alta.
  
A aderência à esta filosofia tem ficado cada vez menos onerosa em função da concorrência e dos ganhos de escala dos patrocinadores desta revolução. Também contribuem para este movimento os crescentes custos de produção na China (sim, ela já não é mais o "eldorado" de antes) e a visão estratégica dos países mais antenados no que diz respeito às vantagens de manter as suas economias crescentemente vinculadas à produtos de maior valor agregado, em nível global. 

Algumas plantas industriais, inclusive, antes alocadas na China, já voltaram para casa, ancoradas pelas vantagens da revolução computacional e robótica das fábricas e, claro, também por pressões políticas e econômicas de seus países de origem. Em alguns casos, houve incentivos para investimentos e barateamento dos custos de energia. Só precisavam de garantias para se manterem competitivas. Agora tem! 

O Brasil, infelizmente, parece estar na contramão deste movimento. Questões político-ideológicas e equívocos na área econômica estão deixando o país para trás na arena competitiva mundial, evidenciadas pelo atual e inegável - mesmo que lento - processo de desindustrialização, estagnação dos empregos e perda relativa da indústria em relação ao PIB. O horizonte é preocupante.

Muitos podem argumentar que esta tendência de digitalização e robotização das fábricas irá ceifar milhares de empregos. É verdade! Um efeito colateral mais do que indesejado. Mas a reflexão aqui é inerente ao sistema capitalista: a busca constante pela inovação como meio para obter vantagens competitivas e gerar riquezas para os stakeholders. É regra do jogo! 

Cabe, no entanto, ao poder público, garantir políticas no sentido de proporcionar a população mais incentivos à educação e ao empreendedorismo. E, ao mesmo tempo, assegurar um ambiente de negócios mais favorável e uma rede de proteção social - provisória - até que o cidadão tenha condições de inserção na nova dinâmica econômica mundial. O contraponto à tendência de queda das funções mais repetitivas nas fábricas é o crescimento vigoroso do segmento de serviços. Aí está o caminho!

Na verdade, o que temos presenciado ao longo das últimas décadas é uma movimentação gradual para as atribuições mais "pensantes". Ainda temos um longo caminho pela frente, mas a perspectiva é que este processo acelere na medida em que os avanços tecnológicos sejam conquistados. É preciso adaptar-se a esta nova realidade.

Talvez o elemento-símbolo desta revolução é o "nem-tão" simpático Robô Baxter.

No vídeo abaixo, uma breve explicação sobre este mais novo candidato à operário, mundo afora.
  

E ilustrando um pouco esta tendência de fábricas apoiando os objetivos/necessidades das marcas, um pequeno vídeo institucional da planta da BMW em Leipzig - Alemanha, uma das mais modernas do mundo: