quinta-feira, 27 de março de 2014

Marisa



Saiu hoje no Portal de Branding: Marisa começou a vender artigos de cama, mesa e banho pela internet. Detalhe: só pela internet. Já me manifestei sobre o tema "extensão de linha" aqui no blog, mas é sempre bom revisitá-lo quando pertinente. Extensão de linha implica alguns riscos inerentes. Dentre eles: mais gente (leia-se produtos e serviços) dividindo a verba de marketing, mais gente chamando a atenção do pessoal de pesquisa e desenvolvimento, mais gente tirando o foco da área de vendas, além da natural ameaça de confundir o entendimento e a percepção dos consumidores com a marca, quando previamente estabelecidos. Por isso, todo cuidado é pouco. Acredito somente em um argumento para seguir em frente com uma empreitada como essa: o produto pretendido precisa apresentar boa sinergia com a essência da marca (sua visão, missão e valores). Uma vez esse set de propostas bem assimilado pelo povão, os marketeiros (e empresários, CEO, etc.) de plantão precisam conter as suas ansiedades. A ganância pode sair caro e, inclusive, prejudicar o core business original. Aí mora o perigo. Pois bem, uma das frases de impacto da marca encontrada em seu site: "A Marisa oferece às mulheres soluções completas em moda. Nossa equipe de estilo e produtos está sempre atualizada com as novas tendências e conceitos de moda e comportamento no mundo". Notem: não é mencionada a palavra "roupas". Esta está inserida no contexto. Assim, entendo que, neste caso, a marca não está ferindo a sua essência. Artigos de cama, mesa e banho tem boa sinergia - sim - com moda e mulheres. Neste caso, então, por que não? Além disso, o fato de começar com um canal de vendas já consagrado da empresa (lembremos que o e-commerce da Marisa é um dos maiores cases de sucesso no assunto) evitando, à princípio, investimentos consideráveis em merchandising no PDV e nas mídia tradicionais, grandes espaços e estoques nas lojas físicas, foi uma estratégia inteligente de iniciar esse jogo. Outros fatores influenciam também, claro. Vamos acompanhar a evolução. No entanto, aproveitando o ambiente e seguindo essa mesma linha de raciocínio, a insistência em manter no portfólio da marca "Moda Masculina" é de uma bobagem plenamente desnecessária.