sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Teatreneu

Diante de um cenário econômico adverso e de um governo sedendo por mais tributos, a companhia teatral espanhola de comédia Teatreneu resolveu radicalizar na sua política comercial: desenvolveu uma espécie de aplicativo de reconhecimento de movimentações faciais por meio do qual é possível medir a quantidade de risos de cada membro da plateia durante o espetáculo. E o pessoal ainda pode compartilhar o quociente obtido nas redes sociais. Estabelecendo um valor unitário de 30 centavos de euros por risada e um teto de cobrança de 24 euros (ou 80 risadas), a companhia literalmente cobra por resultado. O máximo alcançado gira em torno de 30% acima da média das ofertas tradicionais do mercado (espetáculos pré-pagos) mas, pelo menos, as pessoas saem com a convicção de que o seu rico dinheirinho foi respeitado de forma singular. Só a divulgação e o burburinho geraram um incremento de 35% no número de clientes da companhia. Sem dúvida, é um exemplo notável do preço em função do valor percebido pelo cliente. É o cliente no comando, diria o aclamado consultor de Marketing Industrial José Carlos Teixeira Moreira. Obviamente, não é a primeira tentativa de se cobrar por resultados (sejam eles risadas, redução de custos, aumento da produtividade, diminuição das reclamações ou taxa de sucesso de vendas). O setor de serviços e os produtos mais técnicos apresentam características mais propícias para essas tentativas (embora não se descarte, à priori, modelos inovadores para itens de consumo). Marcas como a cadeia de restaurantes britânica Little Bay e a química franco-americana Saint-Gobain Abrasives já navegaram bem neste oceano desafiador. Não deixa de ser, portanto, um diferencial estratégico relevante e uma ótima maneira de fidelizar os clientes para que, num breve espaço de tempo e, caso os processos bem conduzidos e consistentes, tornem-se leais e recomendem as marcas que provaram ser, claramente, provedoras de resultados positivos e concretos.