domingo, 3 de abril de 2016

Artigo: As Redes Sociais e o Branding

Mesmo correndo um apreciável risco ao afirmar que as redes sociais estão entrando em uma fase de maturidade – tanto a respeito do seu entendimento, quanto em relação às suas possibilidades – é hora de, baixada a poeira, tentar organizar os pensamentos sobre a conexão entre essa inovação em comunicação e o conceito de branding.

Parece claro que as redes sociais descortinaram um potencial relevante no sentido de reforçar a transmissão da essência da marca. Também trouxeram considerável evolução ao permitir que as pessoas pudessem, além de manifestar algum tipo de sentimento, partilhar e engajar com as mensagens. Conclui-se, portanto, que as redes sociais devem se submeter ao branding. Este é o ponto crucial, já que as traz para o universo do marketing, como mais um tipo de mídia sem, no entanto, menosprezar as suas particularidades e inegáveis quebras disruptivas.

A partir daí, entra em cena as análises de comunicação e as questões operacionais. Quantas redes sociais administrar? Quais redes sociais gerenciar? Quais as reais diferenças e complementaridades entre elas? O quê, efetivamente, cada uma pode agregar de valor à marca? Como estabelecer um calendário de conteúdo que perpassa todas as necessidades da marca? Qual a frequência ideal de inserções? Orgânico ou patrocinado? Segmentar ou generalizar? Quais indicadores de resultado buscar? É preciso apoio externo? É possível realizar pesquisas de mercado confiáveis nesse campo? Qual a metodologia de análise para absorver ou descartar as novidades do meio? E por aí vai...

Todavia, antes de responder a estas e outras questões, é preciso, além de recorrer à alma da marca, avaliar friamente o perfil do seu público-alvo e analisar o quê os principais concorrentes andam fazendo nas redes sociais. Primeiro para descobrir a sinergia (a química) entre a rede social, o cerne da marca e o seu cliente. Onde, afinal, o povo em potencial da marca está ou poderá estar? Segundo, como aproveitar os gaps de comunicação dos meus concorrentes, sejam nas redes existentes ou, se for pertinente, em nichos ainda não trabalhados pelos competidores?

Aqui as possibilidades de comunicação são fartas: fortalecer, como já mencionado, o conjunto de missão, visão e princípios da marca, mas também lançar mão do marketing de conteúdo (está na vanguarda), publicidade tradicional de produtos e serviços, reverberação de parcerias e patrocínios, notícias, promoções, experiências, etc.

Não menos importante, e que vem no âmbito do surgimento e do aprimoramento das redes sociais, encontra-se o monitoramento das estratégias e ações de comunicação. É cada vez mais rápido, acessível e consistente o trabalho de análise nesse ambiente. É imperativo fazer a lição de casa nessa esfera, diante das facilidades de obtenção de dados.

Vale citar ainda a diferença de amplitude e o caráter de propriedade entre as redes e as mídias sociais. Estas abrangem aquelas, por meio de outras ferramentas como o site e o blog. Nota-se que a casa virtual e o diário eletrônico são de posse, de domínio da marca. Em outras palavras, deve-se dedicar tão ou maior atenção a estas mídias porque estão a salvo de movimentos bruscos dos proprietários das redes sociais. Perceba a nuance dessa diferença.

Por fim, e talvez o mais importante, retomando o segundo parágrafo, temos a verdadeira natureza deste artigo: relembrar o profissional de branding que as redes sociais estão a serviço dos propósitos da marca e, ao profissional de marketing – também este submisso ao branding – que elas são muito bem vindas para ampliar o leque de comunicação e as inúmeras possibilidades que trazem consigo. E ponto. Devemos tomar o cuidado de, por boa fé ou por modismos, não nos escravizarmos a elas...

No fundo, é uma questão de organizar as cartas sobre a mesa, sem jamais esquecer que o alvo é o branding, o meio é marketing e as redes sociais são um dos galhos da árvore de comunicação. 

Pode parecer jornal velho, mas será que todos os colegas estão cientes disso?