sábado, 27 de fevereiro de 2016

Volvo Life Paint

Um exemplo de aplicação de um princípio bem claro do Branding:

A concepção de produtos (ou serviços) em linha com a essência da marca.

Assim, o produto deve ser "apenas" um meio e não um fim em si mesmo. Sim, Steve Jobs era um adepto desta filosofia. 

A grande sacada, portanto, é que a marca pode sempre evoluir, mantendo-se - todavia - a sua autenticidade.

Vejamos esse caso da Volvo:

Talvez o seu principal atributo percebido seja mesmo o da Segurança.

O mix pode ser carro (deve ser, óbvio, afinal ele é o core da marca), mas não precisa ser  carro.

Podem ser outros produtos/categorias, desde que conservem alguma similaridade minimamente próxima ao ambiente natural de marca, reflitam uma tendência crescente de consumo e transmitam alguns dos seus atributos mais reconhecidos. E, se forem inovadores então, melhor ainda...ufa!

Nesse sentido, uma sacada brilhante da Volvo foi o seu Volvo Life Paint, uma espécie de tinta que brilha no escuro, destinada aos ciclistas que pedalam à noite.

O grande benefício do produto? Claro, proporcionar, adivinha o quê? 

Segurança.

Um vídeo da campanha para a Inglaterra (e premiada em Cannes no ano passado), já vista por quase 7 milhões no YouTube e que obteve 98% de aprovação de uma amostragem de internautas. Quem são os outros 2% insanos? Anyway...

E o slogan?

The best way to survive a crash, is not crash.

Sensacional.

A criação é da Grey London.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Cel.Lep

Nada contra a chamada modernização dos elementos de uma marca. Muito pelo contrário, aliás.

Acontece que esse processo envolve (ou deveria envolver) mais do que apenas algumas horas de inspiração. Questões estratégicas cabem aqui também. E como...

Primeiro, vamos à teoria: o conjunto dos elementos de uma marca precisa, de alguma forma, transmitir a sua essência, certo? Correto.

Assim...nome, tipografia, slogan, cores, símbolo, personagem, etc. e a adequada harmonização de tudo isso é o segredo do jogo.

Vamos à Cel.Lep:


Não encontrei qualquer explicação sobre a origem do nome (podia ter um cantinho no site da marca explicando isso, convenhamos...). De qualquer forma, passa pelo teste em função da sua incrível singularidade e sonoridade. Ah...ainda não entendi também o ponto entre os dois termos, bom...

Tipografia: o itálico já era uma tradição na identidade anterior, mas não era assim, digamos, um ponto nevrálgico. Vai...

Slogan: parece que havia um tal de "fale como você nunca falou" e um outro "english for life". Se não eram brilhantes, eram bem honestos por transmitirem algo. Tiveram, no entanto, poucas incursões e vidas breves. Por quê, simplesmente, desistiram dessa ferramenta? À propósito, por quê as marcas "brazucas", em geral, não dão a importância devida a um slogan? 

Pô, o azul era a cor da marca (assim como a Ferrari é vermelha, a Vonder é amarela-preta, a Beta é laranja e a Whole Foods é verde). Ainda não decifrei essa combinação "modernista" da nova identidade da Cel.Lep. Certamente, não é nenhuma referência objetiva aos Estados Unidos ou à Inglaterra. Será uma alusão à alguma ex-colônia britânica perdida em algum cafundó da África?

Bom, chegou aonde eu queria: o símbolo. O garotinho (ou será a garotinha?), simplesmente, sumiu. E com ele, além do patrimônio da memória visual, a sua proposta direta de "aprende-se um idioma ouvindo e falando" (poder-se-ia até batizar essa criança com um nome, por quê não?). Já imaginou - guardadas as devidas proporções - sumirem com a maçãzinha mordida da Apple? Ou com os dois peixinhos cruzados da Hering? E com o jacarezinho da Lacoste então? Bom...

Mas então surgiu um novo símbolo em que eu, na minhas reconhecidas limitações, não entendi o quê seja e o quê significa. Pensei, de cara, em duas coisas: algum prédio que já vi em Brasília e nas finadas torres gêmeas em NY. Não deve ser nenhuma das alternativas anteriores, suspeito. Em todo caso, por mais criativa que tenha sido as mentes por trás disso, o importante é: afinal, O QUÊ É ISSO E O QUÊ QUER TRANSMITIR? Marketing é, antes de tudo, percepção e precisa ser assimilado rapidamente. Bom..

Ah...peraí...acho que descobri. Sorry! Será aquele famigerado pontinho entre os dois termos? Tá...se for, também não muda a taxa do dólar.

De novo, nada contra a revitalização dos elementos de uma marca, mas o pano de fundo deve ser sempre a coerência de cada um deles com o branding da marca ou, em outras palavras, com a sua essência. 

Um bom exemplo: a marca Iron Maiden. Todos os elementos são bem trabalhados, harmonizados e a revitalização é constante, sem jamais afetar a sua autenticidade. Up the Irons! Fica a dica...

Assim, a missão: considerando o quê as pessoas já reconhecem e/ou associam claramente com a minha marca, o quê eu posso fazer para trazer um ar mais fresco para ela, sem querer transformar a criatividade ou a estética - por si só - nas estrelas do jogo. A estratégia é a protagonista.

Branding é, em suma, a construção de um marca. Portanto, tudo (tudo mesmo) que se refere à ela é importante, muito importante.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Joe Pulizzi

Por esses dias, revisitei uma entrevista agregadora com o Joe Pulizzi, o grande mentor e responsável pela decolagem do marketing de conteúdo nos Estados Unidos, por meio da sua consultoria CMI (http://contentmarketinginstitute.com/).

Nela, ele fala da necessidade de as marcas serem cada vez mais mídias, da importância da consistência na aplicação do conceito, da inevitabilidade de se definir um nicho claro para a aplicação da filosofia, das inúmeras possibilidades de técnicas de comunicação para o tema, do papel crucial do planejamento e da correta execução (e mensuração) do projeto de conteúdo, do potencial do método para as pequenas e médias empresas, dentro outros pontos.

Mas, no final das contas, o importante mesmo é, segundo ele - nesse mundo congestionado de dados e de informações (e de marcas exagerando na postura egocêntrica e nos discursos auto-elogiosos) -, as empresas se atentarem à corrente inevitável da comunicação no sentido de proporcionar - de forma crescente - conteúdo relevante e útil ao seu público-alvo, fazendo um justo contraponto à publicidade tradicional. O maior benefício seria o incremento nos níveis de empatia, lealdade e engajamento com a marca e, claro (de carona), uma evolução positiva e duradoura das vendas ditas saudáveis.

A entrevista: