Nada contra a chamada modernização dos elementos de uma marca. Muito pelo contrário, aliás.
Acontece que esse processo envolve (ou deveria envolver) mais do que apenas algumas horas de inspiração. Questões estratégicas cabem aqui também. E como...
Primeiro, vamos à teoria: o conjunto dos elementos de uma marca precisa, de alguma forma, transmitir a sua essência, certo? Correto.
Assim...nome, tipografia, slogan, cores, símbolo, personagem, etc. e a adequada harmonização de tudo isso é o segredo do jogo.
Vamos à Cel.Lep:
Não encontrei qualquer explicação sobre a origem do nome (podia ter um cantinho no site da marca explicando isso, convenhamos...). De qualquer forma, passa pelo teste em função da sua incrível singularidade e sonoridade. Ah...ainda não entendi também o ponto entre os dois termos, bom...
Tipografia: o itálico já era uma tradição na identidade anterior, mas não era assim, digamos, um ponto nevrálgico. Vai...
Slogan: parece que havia um tal de "fale como você nunca falou" e um outro "english for life". Se não eram brilhantes, eram bem honestos por transmitirem algo. Tiveram, no entanto, poucas incursões e vidas breves. Por quê, simplesmente, desistiram dessa ferramenta? À propósito, por quê as marcas "brazucas", em geral, não dão a importância devida a um slogan?
Pô, o azul era a cor da marca (assim como a Ferrari é vermelha, a Vonder é amarela-preta, a Beta é laranja e a Whole Foods é verde). Ainda não decifrei essa combinação "modernista" da nova identidade da Cel.Lep. Certamente, não é nenhuma referência objetiva aos Estados Unidos ou à Inglaterra. Será uma alusão à alguma ex-colônia britânica perdida em algum cafundó da África?
Bom, chegou aonde eu queria: o símbolo. O garotinho (ou será a garotinha?), simplesmente, sumiu. E com ele, além do patrimônio da memória visual, a sua proposta direta de "aprende-se um idioma ouvindo e falando" (poder-se-ia até batizar essa criança com um nome, por quê não?). Já imaginou - guardadas as devidas proporções - sumirem com a maçãzinha mordida da Apple? Ou com os dois peixinhos cruzados da Hering? E com o jacarezinho da Lacoste então? Bom...
Mas então surgiu um novo símbolo em que eu, na minhas reconhecidas limitações, não entendi o quê seja e o quê significa. Pensei, de cara, em duas coisas: algum prédio que já vi em Brasília e nas finadas torres gêmeas em NY. Não deve ser nenhuma das alternativas anteriores, suspeito. Em todo caso, por mais criativa que tenha sido as mentes por trás disso, o importante é: afinal, O QUÊ É ISSO E O QUÊ QUER TRANSMITIR? Marketing é, antes de tudo, percepção e precisa ser assimilado rapidamente. Bom..
Ah...peraí...acho que descobri. Sorry! Será aquele famigerado pontinho entre os dois termos? Tá...se for, também não muda a taxa do dólar.
De novo, nada contra a revitalização dos elementos de uma marca, mas o pano de fundo deve ser sempre a coerência de cada um deles com o branding da marca ou, em outras palavras, com a sua essência.
Um bom exemplo: a marca Iron Maiden. Todos os elementos são bem trabalhados, harmonizados e a revitalização é constante, sem jamais afetar a sua autenticidade. Up the Irons! Fica a dica...
Assim, a missão: considerando o quê as pessoas já reconhecem e/ou associam claramente com a minha marca, o quê eu posso fazer para trazer um ar mais fresco para ela, sem querer transformar a criatividade ou a estética - por si só - nas estrelas do jogo. A estratégia é a protagonista.
Branding é, em suma, a construção de um marca. Portanto, tudo (tudo mesmo) que se refere à ela é importante, muito importante.